segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os guetos familiares



Estatísticas comprovam que as pessoas estão ficando cada vez mais solitárias e que para compensar esta solidão, estão adontando animais como companheiros, principalmente cachorros. Pode-se comprovar o fato pelo número crescente de petshops que estão sendo criados e por toda linha de produtos criados para este nicho de "sozinhos" denominados  "Single".

Tenho uma amiga, grande amiga, que eu vou chamar aqui de Guta. A Guta era separada, tinha um casal de filhos já adolescentes e trabalhamos juntos por um bom período.  Certa vez ela me me deu um telefonema que me fez comprovar esta solidão pela qual as pessoas estão passando, principalmente as de idade mais avançada, e não estou falando dos velhinhos abandonados pelas famílias nos asilos, mas pessoas mais novas na considerada segunda idade e com uma família formada.

Guta me ligou e deu para ouvir que a casa dela estava bem agitada, mas o que ela me perguntou me surpreendeu;
...Ei Júlio, que você está fazendo?
...No momento estou vendo TV
...Você não  anima tomar um chopinho comigo?
...Uê!!!! Mas não está tendo uma festa na sua casa?
...Tô ouvindo um agito por aí!
...Não!!!!...É que os amigos do meu filho estão no quarto dele conversando e as amigas da minha filha estão no quarto dela!
...E você esta sozinha aí na sala certo?
...É.... mais ou menos!!!
...Ela estava sozinha em casa mesmo com toda aquela movimentação!

As famílias hoje vivem em "guetos" dentro das próprias casas. Cada qual tem seu quarto com sua TV, seu som, seu computador, seu banheiro e suas coisas. Ali se fecham, se isolando dos demais. Almoçar juntos....só no natal e olha lá!!...Jantar então.... nem pensar, além de engordar dá trabalho! Para nós, que vivenciamos aqueles tempos passados, é uma pena...mas os hábitos são assim hoje em dia, fazer o quê?

Eu não sou um saudosista, mas aquela confraternização de família na mesa do almoço, principalmente aos domingos, com feijoada feita em casa, coca cola família e pavê de biscoito maizena, faz falta. A família reunida para assistir as novelas do horário das dez, aliás as melhores como Gabriela e O Bem Amado, faz falta. O quebra pau para assistir TV, por que era uma só (Jogo ou novela?), faz falta. Mexidão para a "janta"  feito com o que sobrou do almoço e uma farinha para dar liga, faz falta.

Quem viveu isto sabe que era bom....foi bom!!! Mas o bom da vida e poder acompanhar  a evolução e ter podido viver tudo aquilo. Voltando à solidão das pessoas... a solução que a maioria tem encontrado é adotar um animal e o cachorro é quase uma unanimidade...o tal do cachorrinho que quase sempre é muuuuiiitoo chatinho!...Mas isto merece outro texto!

O tal do cachorrinho


Como disse no texto anterior, as pessoas estão tentando superar a solidão adotando um cachorro. Os que me conhecem sabem, eu, de natureza, não me entendo muito bem com eles, os cachorros. A melhor visão possivel deles para mim, além da fotografia, é do outro lado da rua, o mais longe possível. Mas esta tal de carência afetiva está fazendo com que as pessoas encarem estas coisinhas chatas, até como filhos...muitas senhoras daquelas mal amadas, chamam seus peludos de filhinho e se dizem mães deles....." Vem com a mamãe vem!!!!"

Quando mudei para meu primeiro endereço na Cidade Nova, a minha vizinha de frente tinha um destes poodle preto que, acredito que pelo faro, já sabia que eu não gostava dele. Bastava eu entrar no portão do prédio para ele começar a latir. Eu, particularmente, sou contra cachorros em apartamentos, creio que seja uma falta de respeito com os vizinhos que têm que aguentar aquela merda latindo o dia inteiro e até mesmo uma sacanagem com a limitação do espaço deles. Se pudesse sugerir uma lei federal, proibiria cães em prédios residenciais.

Esta minha vizinha, era uma professora de escola pública aposentada, feia, gorda e sem dinheiro para fazer uma plástica "para melhorar a coisas". O melhor companheiro que ela podia arrumar era aquele poodle. Um dia, ao abrir a porta para sair, aquele infeliz entrou dentro da minha casa correndo e visitou todos os comodos sem minha autorização. Já estava preparando para enfiar o pé no desgraçado quando ouvi a voz da vizinha;



...Carlinhos...volte aqui na mamãe já!
...Que coisa feia invadir assim a casa de nosso novo vizinho!!
...E olhando para mim disse, não repara não, ele é um menino muito travesso!
...E eu pensei.."menino travesso!!!" Que isto!!! eu tenho medo de ficar assim!
...Pegou o Carlinhos no colo e disse.."comprimenta nosso vizinho novo"
...Quase olhei para o cachorro e disse "au, au para você também" mas preferi não dar trela para a vizinha.

Depois ela soltou o "carlinhos" no chão e ele ficou me cheirando e me olhando com aquela cara de.." que que é??? tá me encarando por que???...vou mijar na sua perna heim!!!" . Eu aproveitando que a vizinha estava de costas fechando a porta, pisei, sem querer!!! na pata do pulguento. Gritaria do carlinhos,... a vizinha pegou seu nenem no colo e me olhou feio como quem olha na cara de quem agrediu seu filhinho.

Aproveitei a deixa e marquei meu território, olhei bem fundo nos olhos do carlinhos e mentalizei...não chega perto de mim não, se chegar vai ganhar porrada. Aproveitei e disse para a "mamãe" dele;

...Olha, vou dizer uma coisa para senhora...eu odeio cachorros!
...Então, já que estamos começando uma relação de vizinhos, mantenha o "carlinhos" bem longe de mim, assim seremos felizes para sempre. Se ele chegar perto, eu tenho uma reação automática na perna que não consigo controlar....ela não pode ver um bichinho destes que fica doidinha querendo chutar...é uma menina muito travessa também!
A professora pegou "carlinhos" no colo e saiu dizendo..."vamos embora, mamãe não quer você brincando com este moço feio viu!!!

Daí para frente meus futuros problemas com "carlinhos" foram resolvidos. Toda vez que eu me aproximava, a "mamãe" recolhia seu filho ao colo.

Mas este negócio  de "cachorrinho" já esta enchendo o saco. Não bastasse a grande quantidade, o cachorro também virou uma espécie de afirmação, para aqueles babacas que desfilam sem camisa nas ruas exibindo o físico marombado, acompanhados de seus Pitbulls sem fucinheira e para as mulheres que competem na forma de vestir, embelezar e até mesmo adornar seus animais. ...É cada coisa que se vê!.... Tem cachorro que é tão descaracterizado que você não consegue identificar a raça. Reza a lenda que cada cão destes tem a cara do seu dono, mas as vezes a coisa fica ridícula!

Não sou contra as pessoas terem seus "amiguinhos" mas os que não têm  e não gostam destas pragas, não podem ser incomodados. As pessoas precisam entender que existem limites e eles precisam ser respeitados. Que tenham seus cachorros, mas que tenham a educação e civilidade de apanharem as "cacas" no chão, que não ponham eles nas janelas a esgoelar um latidinho irritante as sete da manhã, que usem as fucinheiras quando estiverem caminhando e que principalmente os mantenham bem longe de mim!

 Hoje quando se faz uma caminhada, dependendo do local, você tem que ficar  com um olho virado para baixo para não pisar em cocô de cachorro e outro virado para cima para não ganhar uma cagada de pombo! Tá foda!

 Ah!!! os pombos!!! Isto merece um outro texto!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A publicidade por aqui


A publicidade adora promover festas. É festa para o mídia, para o atendimento, para entrega de prêmios, confraternização de agência, quando se ganha uma conta nova, quando uma campanha é bem sucedida....enfim....quase sempre tudo é motivo de festa, só não se faz festa quando se perde uma conta....aí a casa cai, o facão corre solto e o chororô é geral.

Mas a publicidade é e sempre será assim....tem cliente, tem trabalho....não tem cliente.... estamos no pau da goiabeira!... Aqueles que realmente são publicitários têm esta coisa no sangue....é um vício... uma cachaça....sempre quando queremos ou pensamos em sair...ela nos puxa de volta! Ela está incrustada na pele e na alma. Mesmo que, financeiramente seja uma merda de profissão que a gente não recomenda para ninguem....a gente gosta!... Vício maldito!

Ontem fui em mais uma destas festas, a dos associados, especialmente dedicada aos mídias e sempre muito bem produzida. É uma das poucas que gosto de ir. É feita no mesmo local a anos, é disputadíssima e lá  encontramos aquelas pessoas "viciadas do meio" que a gente só vê de ano em ano, justamente nesta festa.

Mas a medida que o tempo vai passando e vamos amadurecendo, a festa deixa de ser um ponto de "glamour" e vira um ponto de encontro e de atualização das coisas do mercado. Publicitário fofoca....e como fofoca!!! Interessante ver o deslumbre da moçada que está no início de carreira, a mesma coisa de quando iniciamos a nossa. Ainda continuam existindo os "guetos" de criativos, mídias, produtores, gerentes de contas...enfim a mesma coisa de vinte anos atrás.

Mas em especial, eu e meu amigo, Mário Ribeiro, um dos ícones da publicidade mineira, estávamos observando as mulheres atuais. Quase todas pasteurizadas, vestindo as mesmas roupas, tendo o mesmo porte físico, com os mesmos estilos de cabelo sem nenhuma que chamasse verdadeiramente a atenção por apresentar aquele diferencial. Umas verdadeiras "Barbies" como disse o Mário. Lá não tinha mulheres bonitas???....Tinha e muitas, mas nenhuma que chamasse a atenção pelo conjunto da obra, ou seja, aquela com um "tchan" especial! Nenhuma que merecesse um comentário geral, que despertasse aquele "borburinho" entre nós, os homens, fato que em outros tempos existia aos montes.

Outra coisa também interessante era ficar ouvindo os papos. Cada um com vantagens superiores aos dos outros. Ali, todos queriam demonstrar que estavam muito bem na fita, ganhando super bem, super felizes em suas agências e que o mercado aqui está maravilhoso....Era gente dizendo que estava cheiiiioooo de serviço, sem tempo para nada, que estava morrendo de trabalhar e que tinham contas maravilhosas.

Nós, que já temos "alguns anos de janela" e que ainda vivenciamos o mercado atual, sabemos que a coisa está bem diferente. A maioria ali está "batendo uma latinha danada" o mercado está uma bosta, aliás nunca esteve tão ruim. As grandes empresas como, Fiat, Tim, Belgo e outras tantas, migraram seus departamentos de marketing para São Paulo e com isto, o mercado aqui restringe-se, básicamente às contas públicas. Quem não tem uma conta pública, com raras exceções, está simplesmente sobrevivendo, trocando figurinhas.

Além do mais, quando o mercado aqui ainda era farto de clientes, o número de agências era bem menor, diferente de hoje que existem centenas e muitas delas denominadas  "EUGÊNCIAS", aquelas em que o dono, cria, vende, produz, atende e administra. A publicidade mineira, que já chegou a ocupar a segunda posição nacional no ranking de faturamento hoje está em décimo segundo e com tendências a cair a cada ano!

Mas o que nós, publicitários mineiros fazemos para mudar esta situação?...Nada, absolutamente nada! Pelo contrário, continuamos desfilando nossas medíocres vaidades e hipócritamente nos reservamos a culpar o mercado, os clientes e a concorrência de agências de outros estados.


Em 1996, em uma cerimônia de premiação no Ouro Minas, Nizan Guanaes,....(ainda gordo).... convidado de honra para entregar os prêmios, subiu no palco e disse..."Toda vez que venho a minas encontro os donos das agências reclamando da falta de clientes, da queda do faturamento, da concorrencia cada vez maior das agências de fora...ora bolas...e o que vocês fazem para mudar esta situação??? Algum de vocês enfiou uma pasta de portifório debaixo do braço e foi na Itália conversar com a Fiat???....Não!!!....só reclamam!!!...Eu digo que existem aqueles que choram e aqueles que fazem lenço....eu resolvi fazer lenço!!!".....Silêncio geral, mal estar instalado, entrega de prêmios xôxa e nunca mais encheram o saco dele convidando para voltar aqui! De lá para cá se passaram quinze anos e?????....Nada mudou!!!!

Jeitinho


Os tempos mudam, as coisas evoluem, a população cresce e com este crescimento, aumenta também o número pessoas querendo trabalhar, comer, morar, comprar carros, viajar dentre outras coisitas.

Estamos vivendo esta situação hoje. Crescemos e estamos apertados como se estivéssemos numa lata de sardinha. As grandes cidades não têm mais espaços para novos prédios, novas ruas e avenidas. Não existe mais áreas para expansão, as que existem estão muito distantes e não existe uma boa infraestrutura para atingí-las. O anteriormente publico chamado de "povão", está com uma condição financeira melhor e quer desfrutar disto, mas na realidade nem tudo que se quer se pode!

Tenho uma diarista que já está comigo a mais de dez anos, a Jô. Casada separada e agora viúva, mãe de tres filhos e apaixonada com chocolate. É muito eficiente e uma pessoa, até então, de extrema confiança. A única coisa que não se pode confiar nela é se você tiver chocolate em casa. Preferencialmente esconda ou faça como faço...chamo e digo...Tá vendo aqui...tem tantos chocolates, quando eu voltar quero ver este mesmo tanto aqui.....ela se contorce toda me chama de ruim e tenta resistir heroícamente mas as vezes não consegue!

Vive apertada, com contas atrasadas e luz e água por cortar, é daquelas que dá um toquinho no celular para a gente retornar por estar sempre sem creditos. Ela confessa que ganha bem e deve ganhar mesmo,(cinquentão por dia+busão todos os dias exceto aos domingos) além dos avons, naturas e agora jequitís que vende por fora. Ela reconhece que tem um grande defeito... é gastadeira, afirma isto categóricamente. Agora entrou numa de economizar por que tem um projeto que precisa de dinheiro, não quis falar qual..." Não conto para ninguem para não agourar!!!"

Estes dias flaguei ela lendo um livro de auto escola e perguntei
.....Que isto aí?
.....Um livro de leis de trânsito, afirmou ela!
.....eu tô vendo que é isto mas para que você esta lendo ele?
.....Ora....vou tirar carteira!!!!
.....Mas carteira para que Jô???
.....e o carro?
.....to juntando dinheiro para comprar um!
.....Então este é seu projeto!!!!
.....É mas não vem me agourar não viu!!!
.....Mas para que você quer um carro se nem as contas de agua e luz você paga em dia???
.....Minhas amigas todas estão comprando carro e eu também quero!
.....Quero vir para o trabalho de carro, eu mereço este conforto!
.....Mas e a gasolina, manutenção, revisão e outras coisas?
.....A gasolina eu pego o dinheiro da passagem e ponho e o resto a gente dá um jeito!
.....E você já pensou qual carro vai comprar?
.....Tem um amigo meu que tem um pálio 98 e ele me disse que me vende baratinho, posso até dividir!

Então senhores leitores, aguardem por que em breve teremos mais um páliozinho "siminovo" que será abastecido diariamente com cinco reais de gasolina e estará circulando nas ruas e avenidas de Belô. Não discuto se ela merece ou não, discuto é se ela pode ou não. Mas por mais que se tente ponderar ela "encasquetou" com a idéia de ter um carro mesmo tendo ciência que ainda não pode, mas aí entra o famoso " a gente dá um jeitinho"

Espero que a Jô não entre na estatística que, nos últimos dias está crescendo muito,... a dos inadimplentes que estão começando a sentir no bolso os efeitos dos aumentos de juros e de outros custos que estão comprometendo as contas a pagar e fazendo com que muitos tenham seus bens disponibilizados em leilões. Se isto acontecer com ela, com certeza terei uma diarista mau humorada e me chamando de "agourento"! É muito difícil o brasileiro acreditar que nem tudo que se quer se pode, a maioria acredita que Deus ou a mega sena vão ajudar!!!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cacaio

Aos trinta anos, já casado, com filho e ocupando o cargo de chefe de gabinete de político, descobri que, se não fizesse um curso superior eu estaria fudido. Mas esta idade também me ajudou a definir, com certeza absoluta, qual curso eu queria fazer. Pela vontade de meu pai seria engenharia ou um concurso público que me garantisse uma aposentadoria tranquila. Ainda bem que, não passei em nenhum concurso (seria mais um medíocre funcionario publico, esperando a morte chegar) e nem passei no vestibular de engenharia....eu e a matemática, os cálculos, a geometria, a fisica e coisas afins não conseguimos nos entender. Aliás ...acredito que estas matérias não gostam de mim e muito menos eu delas! Assim o curso escolhido foi comunicação.

Vestibular feito na antiga FAFI (hoje UNIBH), aprovação, matrícula e o primeiro dia de aula...... Só menino na sala, daqueles que eram fãs de Fidel e Che Guevara e acreditavam que poderiam mudar o mundo!....Eu de terno, trabalhando como chefe de gabinete de político, representava tudo aquilo que eles mais repugnavam!!!! Os políticos!!!....Pensei comigo mesmo!!! É Julio Cezar....você esta fudido amigão!!!

Sentei num cantinho e comecei a observar aquele monte de alunos, entusiasmados e eufóricos. Lá no fundão observei que tinha um sujeito de calça jeans e um casaco marron, também observando as coisas e com a mesma cara que a minha de.... " que que eu estou fazendo aqui"!!!!...Pensei...ôpa!!! achei um estranho no ninho igual a mim! ...Assim nasceu minha amizade com Zé Cacaio, que dura até os dias de hoje.

Ao Zé devo a minha entrada na carreira da publicidade. Foi ele que ouvindo minhas lamúrias de ter que, diáriamente, lidar com o povão, dentro de um ambiente corrupto e falso me disse um dia "larga esta merda!". Ele foi um dos que me estimularam a cometer a maior loucura da minha vida profissional..contestada por vários amigos e parentes.....larguei meu confortável emprego (financeiramente falando) de um chefe de gabinete, com todas as mordomias inerentes do cargo e fui trabalhar numa minúscula agência, a Agência Nacional, composta por mim ele e o Gazel, ganhando uma miserinha, mas fazendo o que eu gostava e livre da convivência com as falsidades parlamentares. Isto quase me custou o casamento e mobilizou uma reunião familiar onde meus irmãos se diziam preocupados com minha sanidade mental.

Pelas mãos de Cacaio fui contratado pela ASA, para atender meu primeiro grande cliente, a prefeitura de Betim, aliás, um dos maiores desafios que tive. Betim foi a primeira grande prefeitura conquistada pelo PT em Minas Gerais. Na primeira reunião, onde eu seria apresentado como o responsável pela conta, o Zé que era o então diretor de atendimento não foi. Fui sozinho e quando cheguei havia um comitê de comunicação, composto por trinta "companheiros" que de cara me fizeram as seguintes perguntas...O que é a ASA, para que ela serve e o que você está fazendo aqui?.....Mais uma vez veio aquele pensamento!!.... Éh Julio Cezar.... aquele filho da puta que diz ser seu amigo te jogou nesta gelada!!!!...você está fudido amigão!!! Mas já que está aqui se vira!!!!...Trabalhamos juntos muito tempo e aprendi muito com ele!

Um dia, Zé virou para mim e disse "Vou embora para o nordeste, estou de saco cheio daqui!!"....e sumiu....não deixou rastro, telefone, endereço de email..o cara simplesmente desapareceu!!! Durante tres anos não ouvi falar dele...nem um sinal de vida...escafedeu-se mesmo! Resolvi então sair procurando  e depois de muitas pesquisas, achei através do google, por causa de uma muda de pimenta,...... esta que está na foto.

Nesta última semana estive em João Pessoa visitando o Zé, que me chamou, dentro daquele seu aspecto sonhador..."vem aqui, isto é igual a BH a trinta anos, tá cheio de oportunidades e eu estou cheio de idéias!!!!" Cacaio é assim, um grande sonhador, eu mesmo devo conhecer umas quinze idéias que ele pretende um dia colocar em prática.  Sujeito de grande coração, a quem eu, particularmente devo muito de um relativo sucesso profissional na publicidade. Atualmente mora na Paraíba, com Matheus seu filho, design formado na Fumec que hoje vive na beira do mar pintando pranchas...quer vida melhor brother... e sua mulher, Nana Zumba, ou Eliana Zumba, que eu sabia que existia mas não conhecia. Mulher forte, decidida e fina...uma verdadeira lady...que atura meu amigo a mais de trinta anos. Zé ocupa um cargo de destaque em uma grande empresa local, mas que não quieta o facho...já andou envolvido inclusive no movimento de mudança da bandeira do estado. Cacaio está no meu seleto grupo de tres ou quatro dos que considero meus amigos, conquistados nesta minha existência!



Paraíba - João Pessoa


Por do sol diáriamente ao som de bolero de ravel
Como disse no texto anterior, nesta última semana fui à Paraíba encontrar com meu amigo Zé Cacaio e descobrir oportunidades, que estão cada vez mais escassas por aqui. Minha viagem começou as quatro horas da manhã e terminou as duas e meia da tarde quando pisei em solos paraibanos. Quase onze horas de viagem para somente três horas e vinte efetivamente de vôo. O que mata são os intervalos das conexões em Salvador e Recife. O tempo de espera em Recife é de duas horas e meia, para um vôo de vinte minutos até JP. Aprendi que pode ser até mais rápido e mais em conta, você comprar uma passagem até Recife e percorrer os 120 km até João Pessoa de carro ou ônibus nas boas estradas que existem por lá. 

Boas estradas


 A Paraíba não é um estado muito divulgado pela mídia, assim como são os demais estados do nordeste. Então baseado em fotos de cidades como Fortaleza, Maceió e outra tantas e por João Pessoa fazer parte das cidades nordestinas, a gente imagina uma coisa mas a realidade é diferente.

Praia naturalista de tambaba

João Pessoa é realmente como disse meu amigo Zé, uma cidade tipo Belo Horizonte a trinta anos atrás, com boas oportunidades em várias áreas. Não é uma cidade com uma orla cinematográfica como Fortaleza e Maceió e nem possui um marketing agressivo voltado para o turismo, é como se fosse um diamante que esta sendo lapidado. A cidade já possui uma boa infra estrutura e existem vários projetos que estão em andamento e que prometem incentivar o turismo local.

No seu em torno existem belas praias, que a princípio ainda são meio que selvagens, onde não existem caminhos asfaltados, não existem edifícios e poucas e belas mansões daqueles que querem um isolamento e uma praia particular. Lá esta a praia de Tambaba, reservada aos amantes do naturarismo ou, popularmente, o nudismo. São locais que, segundo o Cacaio, nas temporadas de verão ficam cheios, mas como pouca infra estrutura de atendimento aos turistas, os poucos bares e restaurantes ficam lotados e acabam servindo mal,  segundo meu amigo o melhor é você ser meio que farofeiro e carregar seu cooler com sua cervejinha e uns sandubas naturais.

Praia ainda meio que selvagens


Praia praticamente deserta mas com moradores que buscam sossego




A cidade está investido pesadamente em construção civil. Um grande centro de convenções com data prevista de entrega em 2013, promete ser o maior do nordeste. Novos apartamentos em prédios que giram em torno de no mínino dez andares estão sendo erguidos e existem muita disponibilidade de imóveis. O custo de vida é muito bom, as coisas não são caras. Aluguel, gasolina, alimentação e diversão tem preços acessíveis e condizentes com o nível econômico da população e são até mais baratos que aqui. O paraibano me pareceu, a princípio, um povo meio desconfiado, "cabreiro", tipo aqueles que vivem no interior e estão se acostumando com novos tempos, mas de bobos não têm nada. A vida por lá não é pacata, mas é bem mais tranquila do que por aqui!



Cactus???? Não!!!!!...Mandacarú!!!
  
Deixo aqui algumas fotos que explicam melhor o que vi por lá, e acredito sinceramente, nas palavras de um outro Zé, um paraibano que conheci, empreendedor que constroi prédios e passeia pelo Brasil com seu home motor, ou motor home, como queiram, que diz " O nordeste será o novo caribe do mundo" e a Paraíba está inserida neste contexto.