sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Job



Em 1977, estava eu vagando atrás de um emprego para aumentar minha renda que, como discotecário (DJ hoje), era uma merda.  Eu tinha sonhos que necessitavam de "dim dim" para serem realizados. Filho de pai pobre, que era filho de pai rico (a história é sempre a mesma), eu tinha que me virar se quisesse comprar um tenis de couro, ou uma calça Lee ou Levis ou até mesmo um discoLP.

Na época, eu tinha um futuro e hoje ex-cunhado, o Geraldinho, que trabalhava como programador em uma das mais novas maravilhas tecnológicas do momento ¨o computador¨, também conhecido como ¨cérebro eletrônico¨ . Quem trabalhava com computadores naqueles anos era considerado maluco, gênio e com altos salários!(maluco sim, dinheiro nada!).  Geraldinho,vendo minha batalha atrás de trabalho, me ofereceu uma oportunidade de trabalho com estas máquinas fabulosas.

Computador, naquela época, era algo caríssimo e não era qualquer empresa que tinha condições de ter um, então era muito comum empresas menores alugarem os tempos ociosos das poderosas que podiam compra-los. Lá fui eu trabalhar como digitador pela Precon nas horas ociosas do computador de uma grande distribuidora de remédios chamada Promed.

A Promed ficava na avenida Santos Dumont entre as ruas Curitiba e Guaicurus, no centrão e também a zona boêmia mais pesada e promiscua de BH. Começava trabalhar as onze horas da noite, junto com as putas, viados, bichas loucas, bêbados e drogados habitantes da região e largava as oito da matina, quando eles também encerravam seus expedientes. Mas eu não podia perder esta oportunidade.


O primeiro computador com o qual me deparei foi um Burroughs B700, este da foto. Ele ocupava uma sala de trinta metros refrigerada a quinze graus (em pleno verão eu trabalhava com uma blusona de frio), ficava sobre um tablado para não tocar no chão, tinha um disco de back up com a espantosa capacidade de armazenamento de cinco megabytes e uma capacidade operacional de trinta e dois Kbytes!.....fabuloso!!! ...Teclado leve, monitor de tv, discos portáteis e comandos em português....nem pensar...inimaginável!... Diferente dos dias atuais, quanto maior e mais difícil de operar era a máquina, os chamados ¨mainframes¨, mais potente ela era!.

 Detalhe importante, não existiam cursos, jogavam um manual  em inglês de quinhentas páginas no seu colo e você que se virasse, naquela época quem sabia não compartilhava, lógico ele se virou, você que se vire e aprenda! Eram noites viradas para descobrir um ou dois comandos.... Depois de digitador, passei a instalador, operador, programador e analista. Tive que aprender, nos manuais em inglês linguagens de programação como cobol, assembler, RPG, fourtran dentre outras, tudo na base do...¨se vira meu bom!¨


E por que estou dizendo tudo isto? Em 1977 Steve Job já pensava em como ¨mudar o mundo¨ e facilitar a vida de toda uma futura geração. Ele já pensava em algo mais ágil, com um design moderno, maior capacidade de armazenamento, menor porte e principalmente uma máquina mais simples de ser operada. ....Ele conseguiu, trouxe o futuro para o presente! Saiu na frente e todos correram atrás!!!!...Este é o legado que ele nos deixou. A mim não interessa se era bonzinho, caridoso ou outra coisa qualquer. A mim interessa o que ele deixou, muita evolução, muita tecnologia algo de grande utilidade para a todos, algo inimaginável para alguem que como eu viu ha trinta anos atrás um Burroughs B700.

 Chorar por sua morte???? Não!!!! Todos morrem um dia, aliás existe uma famosa frase que sempre utilizo "Tudo tem seu tempo e sua hora". A hora de Steve chegou e ele se foi, mas seu tempo....ah!!!! este ele estava muito a frente, o tempo dele era outro e nós ainda não chegamos lá!  Foda foi morrer tão cedo e não ter tido o tempo de nos brindar com várias coisas geniais que acredito que ele ainda tinha a oferecer!

É uma pena que não tenhamos outros Steves na medicina, na educação nos governos e em outros setores, talvez o mundo estivesse melhor!